sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Lua de Prata - Cap. 50


Depois do tiro, a polícia invadiu o cativeiro, liberou os reféns e chamou uma ambulância para socorrer Ricardo, que foi quem recebeu o tiro depois de invadir o sótão e se jogar na frente de Virgínia no exato momento em que a bala a atingiria.




Porém, ao mesmo tempo em que tudo se resolveu para Virgínia quanto ao sequestro, Ricardo tinha poucas chances de sobreviver pelo fato do tiro ter pegado no peito dele.

Enquanto isso, mãe e filho tinham a conversa que por tanto tempo adiaram:


- Fábio, porque você arriscou a sua vida pra me salvar sendo que eu nunca te dei o carinho que você merecia?

- Pelo simples fato de que, apesar de eu fingir te odiar porque você sempre me rejeitou, eu sempre te amei e, tudo o que eu sempre quis foi que você gostasse de mim como gosta do Diego.

- Eu nunca pensei que um dia ouviria isso de você.

- Pois é mãe, assim como eu pensei que você tivesse morrido antes de me ouvir falar isso. Foi horrível quando o meu pai disse que você morreu no acidente, eu não conseguia aceitar que isso tinha acontecido logo agora que você estava aqui, tão perto e ao mesmo tempo tão longe de mim...

- É meu filho, mas o que importa é que agora eu estou aqui e não pretendo ir embora mais.

- Sério mesmo? Você finalmente vai me deixar provar que não foi um erro eu ter nascido?

- Você não precisa fazer isso, até porque você já provou tudo o que você queria quando foi me salvar. Agora vamos esquecer o passado e viver como mãe e filho?

- Sim mãe, vamos.

Essa conversa teria continuado se Virgínia não fosse chamada ao quarto de Ricardo porque ele havia piorado e não parava de chamar por ela.

Quando Virgínia entrou no quarto, ficou chocada com o que viu: seu marido, o homem do qual passou os últimos 10 anos, estava morrendo. Agora ela finalmente poderia viver e reconquistar o amor dos filhos, mas será que era isso que ela queria? Ela realmente queria que Ricardo morresse?

Para a surpresa dela mesma, a verdade era que ela não queria que ele morresse. Mesmo depois de todas as brigas, desencontros, dos anos em Londres e das ofensas, ela ainda o amava. Isso ainda a deixava assustada, mas ela nunca deixou de amá-lo e precisava aceitar que perdeu a batalha contra seus sentimentos e dizer tudo o que sentia ao ex - marido. O único problema nisso tudo era que agora parecia ser tarde demais, pois ele estava morrendo...

- Virgínia...

- Sim, estou aqui Ricardo.

- Você deve estar feliz agora, pois se reconciliou com os seus filhos e eu finalmente te deixarei em paz...

- Não, isso não é verdade.

- É sim, eu sei que é. Depois que você foi embora, eu fiz tudo o que podia para que os 3 te detestassem, mas eu não consegui. E você sabe por quê? Porque eu tentava fazer isso para provar que não te amava mais, só que a verdade é que eu nunca deixei de te amar... Tudo o que sobrou de mim quando você me abandonou foi um coração partido, que sonhava com o dia em que você se arrependeria de ter me deixado e voltaria pra mim... Eu não demonstrei porque fui muito orgulhoso, mas fiquei tão feliz quando você voltou para o Brasil... Só que eu não imaginava que você tinha tanta raiva de mim...

- Pare de falar Ricardo, você não pode fazer esforço.

- Eu preciso terminar de falar. Eu fiquei tão magoado quando você me disse que me odiava, isso era tudo o que eu não queria ouvir de você. A vontade que eu tive foi de me matar ali mesmo, só que eu percebi que, se fizesse isso, além de te perder pra sempre, eu não teria chance de mostrar a você como eu me sentia, eu não teria como lutar para te mostrar que eu merecia uma nova chance. E aí, quando eu finalmente resolvi admitir que ainda te amava, aconteceu aquele acidente. Os dias em que pensei que você estivesse morta foram os piores da minha vida. Eu não queria, não podia aceitar que você tivesse ido sem ouvir tudo o que eu tinha pra te dizer.

- Então foi por isso que você se jogou na minha frente quando a bala ia me acertar.

- Foi, porque eu não suportaria te perder. Você não me ama mais né? Nada do que eu fizer pra provar que eu mudei vai fazer você me perdoar, não é?

- Olha Ricardo, eu ainda te amo sim, mas acho que nós dois não podemos ficar juntos depois de tudo o que aconteceu. Não podemos apagar o nosso passado e muito menos viver com ele pesando nas costas.

- Eu sei, mas também não podemos viver o futuro escondendo o que realmente sentimos por causa dos erros do passado.

- Acho que já está na hora de ir.


- Sim, pode ir, mas nunca se esqueça de que tudo o que eu fiz foi por amor. Promete que vai se lembrar que toda vez que olhar para a lua?

- Prometo.

- Agora eu realmente preciso ir, Tchau Ricardo.

- Adeus Virgínia.

Essa foi a última vez em que Virgínia seu ex-marido vivo.

Alguns tempo depois, todos se encontram no aeroporto para se despedir de Mônica, que estava indo para os Estados Unidos estudar.

Junto da família de Fábio estava Isabel, que finalmente se sentia preparada para dizer a Diego e Fábio qual dos dois havia escolhido:


- Meninos, só agora, depois de tanto tempo, é que eu cheguei a uma conclusão.

E então Diego diz:


- E aí, com qual dos dois você quer ficar?

- Aí Diego, foi tão difícil decidir... Eu gosto de muito de você, assim como gosto do Fábio também. Vocês dois fizeram parte de uma fase muito importante da minha vida, cada qual a sua maneira. Você foi um bom amigo Diego, eu sempre pude contar com você pra tudo, obrigada por ouvir meus desabafos, minhas paranóias, por confiar em mim, mas eu não posso ficar com você.

- Porque você ama o Fábio né?

- Não é por isso. Acontece que, só gosto de você como amigo, um grande amigo que eu sei que vou ter pra sempre.

- Acho que é melhor eu ir depois dessa, afinal, você e o pastel aí tem muito o que conversar (risos)

- Tchau Diego.

- Tchau Isabel.

- E pra mim, você não vai falar nada?

- Vou sim Fábio, aliás, eu tenho muito pra te falar.

-Então fale.

- Fábio, eu te amei muito, muito mesmo, mas também já sofri muito por sua causa. Só eu sei o quanto eu sofri quando nós brigamos e você parou de falar comigo.

- E então, o que você decidiu?

- Que por mais que a gente se goste, nós não podemos ficar juntos.

- POR QUÊ?

- Porque não dá pra esquecer/ignorar todos os nossos erros e muito menos esquecer o quanto você é chato, vazio e insuportável.

- Nossa, eu pensei que nós estávamos de bem.

- Pois pensou errado! Você continua sendo um imbecil. E agora sai da minha frente que eu tenho mais o que fazer.

- Adeus (pausa dramática, põe a mão na testa e diz) Ai, como eu sofro! Melhor eu voltar para os meus discos da Maysa e continuar a escrever meus poemas com a esperança de que serei como a Cecília Meireles um dia.

Depois da morte de Ricardo, Fábio e Letícia passaram a morar com Virgínia. E quanto a Isabel, bom, ela foi ser livre e feliz como sempre quis e mereceu ser, sem que nenhum Fábio a incomodasse com suas lamúrias e insultos gratuitos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

https://lh4.googleusercontent.com/-Sn-neUsSSCo/ULUBYJqeXEI/AAAAAAAABbo/WMspOl3iEyQ/s800/natal-34370%2520c%25C3%25B3pia.jpg